quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tempo de chegada

Nos últimos meses tenho vivido em descoberta. Novas rotinas, pessoas diferentes, projetos, espectativas, medos... são tantos sentimentos que anda difícil de administrar. O tempo também parece que está mais apressando, só pára para o cafezinho que, aliás, nunca bebi tanto. Desconfio que por influência de uma velha amiga, e professora, que reencontrei no novo trabalho.

Mas a única grande novidade é estar do outro lado, como professora e não como estudante da universidade em que me formei nem tem tanto tempo. A logística de funcionamento da estrutura continua quase a mesma, muitas pessoas também ainda estão por aqui. Na verdade, só os funcionários e professores. Só uma colega do meu tempo ainda é estudante, mas essa passou um tempo fora e só voltou neste ano.

Hoje, minha aula de Teoria II foi sobre identidades culturais, um tema que amo, que me deixa feliz, nem sei se a turma entende a minha empolgação, espero que seja contagiosa.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Tempo de partida


Não vou pegar aquela avenida movimentada, não vou dizer “não, obrigada” para o ambulante que vem me vender ata, castanha ou flanela no sinal, nem vou olhar as vitrines da loja Melindre e Bossa Story. Àquela vaga no estacionamento da Vila será ocupada por outro carro, um computador a mais estará disponível... Será que alguém vai notar, além de mim.

Quando meu primeiro namoro com o Alcides acabou o maior estranhamento que senti foi andar sem segurar a mão de ninguém. Era como se estivesse exposta, sozinha, livre demais.

Depois de seis anos, me sinto como se estivesse prestes a deixar um casamento com um marido que sabe se virar sem mim, é verdade, mas ainda não sei como vou me sair sem ele. Contudo, foi o próprio Catavento, que, de tanto fazer minha vida girar, me fez voar para longe.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Lugar de lembrar


Ontem, eu estava me preparando para fazer o jantar que o namorado reivindicou para o domingo quando recebi sua ligação me convidando para “dar uma volta”. “Para onde?”, eu perguntei. “Só uma volta”, foi sua resposta. Como nunca digo não para ele, peguei meu vestido “serve pra qualquer lugar” e, antes que tivesse pronta, ouvi a buzina apressada do seu carro.

Eu não sabia, mas a pressa era porque o pôr do sol se aproximava e o nosso passeio foi para ver o fim do dia, ou o começo da noite, na Praia de Iracema. “Que maravilha”, pensei com um sorriso para ele.

O céu estava nublado, mas um raio encontrou uma brecha para nos dar boas vindas e, logo depois se despedi. Na ponte metálica, um grupo de capoeira chama pessoas para uma roda, enquanto quatro casais, em pontos diferentes da ponte, nem percebiam o que acontecia ao seu redor.

Eu e Alcides caminhamos e lembramos de como aquele lugar guarda a nossa adolescência, os encontros que tivemos, os amigos, as inconseqüências, as descobertas. Caminhar por entre as pedras bebendo vinho ou ver o sol nascer conversando com amigos enquanto esperava o meu ou o pai dele, que sempre ia nos pegar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Anônima célebre

Ontem eu estava assistindo ao Big Brother e um dos candidatos perguntou: “E quem não quer ser famoso?”. Achei a pergunta tão insana e ao mesmo tempo desafiadora. Eu? Será que quero ser famosa? Qual o sentido da minha vida? Porque tanto trabalho, tanta busca por mais trabalho? O que eu realmente quero?

Gostaria de passear pelas ruas e conhecer todas as pessoas, dar bom dia, boa tarde, ouvir as histórias dos mais velhos, contar histórias para as crianças. Queria andar de bicicleta sem ter medo de ser roubada, andar sozinha numa rua deserta, tomar banho de chuva no meio da rua, plantar temperos e legumes, cozinhar para quem amo, cochilar na praia, ver um céu de estrelas.

Num mundo onde se perguntam: “quem não quer ser famoso?”, prefiro andar na contra-mão. Não, definitivamente não quero ser famosa! Não preciso que todos me digam que sou única para acreditar nisso. Prefiro uma vida simples, sem excessos. Acredito que só assim é possível enxergar a grandiosidade das coisas. Viver já é um exagero!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Quando nada é tudo

Os sonhos revelam nossos medos, nossos desejos, o nosso futuro ou não revelam nada? Uma coisa é certa: mesmo que acorde de um sonho que não lembro, um sentimento fica no ar, seja de angústia, de medo, de felicidade, de acolhimento...

Esta manhã, acordei com uma sensação gostosa, podia sentir o cheiro de maresia, a areia mole carinhar meus pés, a briga do sol e do vento que esquenta e esfria o corpo da gente.

Fica mais difícil entender a confusão da cidade depois de oito dias em Jeri. Nada faz sentido: o trânsito, a pressa, as distâncias, a semana cheia de trabalho e só um final de semana para todo o resto. Quanto mais coisas faço num dia mais parece perda de tempo continuar fazendo, principalmente depois de descobrir que fazer nada é exatamente tudo.